À época do crime, a Polícia Civil (PCDF) prendeu e indiciou sete pessoas. As investigações revelaram que os acusados, ao saírem de um bar na QE 40, discutiram e deram início ao espancamento de Daniel, desferindo chutes e pisadas, que levaram à morte. O crime chocou os brasilienses, após um vídeo gravado por uma testemunha circular nas redes sociais. Na filmagem, a vítima aparece caída na calçada, enquanto sofre agressões de um grupo de homens.
No entanto, a defesa dos sete réus — composta pelos advogados Afonso Lopes, Marília Brambila, Leonardo Carvalho Carvalho e Erickson Reis Maia — defendeu a tese de que, a causa da morte de Daniel, não se deu pelas agressões, mas, sim, ao sofrer um traumatismo craniano no momento em que correu, tropeçou no meio-fio e bateu a cabeça contra o chão.
Em audiência nesta manhã, o MPDFT pediu pela absolvição dos outros quatro réus por não haver materialidade para condená-los. Por quatro votos a um, os jurados do Conselho de Sentença acataram ao pedido do Ministério Público e, com base nas provas apresentada pelos advogados, inocentaram os presos.
Pai e filho soltos
A primeira sessão de julgamento acerca do caso ocorreu em 29 de setembro. Luiz Alves de Araújo, 46, o filho dele, Gustavo Soares, 20, e Kelvin Souza, 20, foram os primeiros, dos sete réus, a serem escutados no tribunal. O primeiro a prestar declarações foi Luiz. Ele relatou que decidiu comemorar o aniversário do filho no bar Oásis, na QE 40. Inicialmente, a festa ocorreria em um outro local, próximo onde mora, no conjunto habitacional Lúcio Costa. “Ele (Gustavo) disse que seria melhor no Oásis, porque era maior e caberia mais gente. Falei que não ia ter muito dinheiro, mas ele decidiu chamar poucas pessoas, em torno de nove e 10.”
Na noite de 9 de outubro, Luiz, o filho Gustavo e a mãe acionaram um amigo motorista de transporte por aplicativo para buscá-los em casa e levá-los até o bar. Em depoimento à Justiça, o motorista disse que buscou a família por volta das 20h30. Enquanto estavam no local bebendo e comemorando, segundo Luiz, ele foi ao banheiro, quando foi surpreendido por Daniel. "Ele disse uma coisa comigo, mas não entendi. Depois, falou novamente, e eu também não ouvi, porque o som estava muito alto. Foi quando ele me deu um soco no rosto e eu caí ao chão", afirmou.
Luiz disse que, ao se levantar, ainda tonto, viu o filho pedindo para os dois se acalmarem, momento em que os seguranças do estabelecimento expulsaram Luiz, o filho e os colegas que estavam na festa. “Quando saímos, o Daniel foi para fora com mais quatro caras e com garrafas de vidro nas mãos. Eles começaram a tacar essas garrafas na gente.”
Em juízo, o réu disse que houve uma troca de tapas entre o grupo de Daniel e o grupo de Gustavo e, quando se deu conta, viu Daniel já caído ao chão. No vídeo, é possível ver Luiz desferindo dois chutes contra o quadril da vítima. No tribunal, o acusado confessou que deu esses dois golpes, mas que não tinha nenhuma intenção de matá-lo. “É complicado. Era para ser um dos dias mais felizes da nossa família e estamos vivenciando essa tragédia”, finalizou.
Gustavo reforçou a versão do pai. Em um depoimento de quase 30 minutos, o réu acusou Daniel de tê-lo xingado de vagabundo dentro da boate e dito que o pai dele era um traficante. Contou, ainda, que a vítima ameaçou a família dizendo que buscaria uma arma de fogo dentro do carro, que estava estacionado em frente ao bar. “Não dei nenhum chute nele. A todo momento, fiquei ao lado da minha mãe acalmando ela. Eu nunca vi o Daniel.”
Kelvin, por sua vez, também alegou que Daniel estaria com garrafas na mão para agredir o grupo. “Acabaram me segurando para não ir para cima dele.” No entanto, apesar de dizer em juízo que não teve participação no espancamento, Kelvin é um dos jovens que aparece de boné branco e blusa preta chutando Daniel.
Darcianne Diogo
Fonte: www.correiobraziliense.com.br
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