Elize foi condenada por matar e esquartejar o marido em 2012. Ela cumpre liberdade condicional desde maio do ano passado e foi detida em Sorocaba, sendo investigada também pelo crime de uso de documento falso.
Dois documentos, o original e o falsificado, foram encontrados pela perícia no telefone celular dela. O dado foi levantado após análise do aparelho e do notebook apreendidos pela Polícia Civil, em cumprimento ao mandado de busca e apreensão da Justiça. O inquérito ainda tramita e não teve o relatório concluído.
De acordo com a polícia, Elize Matsunaga já foi indiciada e o laudo mostra mais indícios de que ela poderia ter falsificado o documento.
Em depoimento, em fevereiro, Elize Matsunaga negou que tenha falsificado o atestado e afirmou também que não utilizou o documento para entrar em condomínios da cidade quando trabalhou numa empresa de pintura.
Elize Matsunaga acessando condomínio em Sorocaba, interior de São Paulo — Foto: Reprodução
No trabalho da perícia técnica, ficou atestado que o documento falsificado foi feito em cima do original, modificando nomes, data de nascimento, código QR e linha verificadora de autenticidade.
Em depoimento, o funcionário do documento original afirmou que retirou o atestado pelo celular de Elize Matsunaga e que ela também ficou com o arquivo original. Ele afirmou que desconhecia que seu documento tenha sido usado numa falsificação.
Documento adulterado usado por Elize MAtsunaga, segundo a Polícia Civil de Sorocaba (SP) — Foto: Marcel Scinocca/g1
A perícia encontrou o documento original do funcionário no celular de Elize. Também foi localizado no notebook apreendido um registro de que o documento foi enviado para um e-mail com o nome de Elize.
O laudo aponta ainda que o documento foi encaminhado para um conversor de arquivo, do formato PDF para Word.
A perícia apontou ainda que foram realizadas buscas por documentos com modificações como o nome de Elize Araújo Giacomini. E, no celular, foi localizado o documento relacionado ao nome do funcionário como o nome de Elize Araújo Giacomini.
A TV TEM tentou contato com a defesa de Elize, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Três adulterações encontradas
O atestado de antecedentes criminais usado por Elize Matsunaga, para que ela pudesse trabalhar em Sorocaba (SP), apresenta três adulterações. A informação foi detalhada pela Polícia Civil no fim de fevereiro deste ano.
“Ela pegou o atestado de um colega dela, da empresa, sobrepôs o nome dele aqui em cima”, explicou o delegado Acácio Leite, ao tratar do caso. “Deu uma borradinha aqui, no QR Code. E suprimiu dois números do alfanumérico”, conta.
Delegado Acácio Leite explica que assinatura eletrônica do documento também apresentou alterações — Foto: Marel Scinocca/g1
“Nesses documentos que nós apreendemos, enviados para a perícia, foi feita a comprovação com material óptico adequado. A perícia nos ofertou um laudo dizendo que o atestado apresentado por ela realmente é falso. Até certo ponto, é uma cópia mal feita do verdadeiro. Para nós, a partir desse momento, está caracterizado o uso de documento falso”, lembrou.
O delegado também explicou que Elize Matsunaga usou no documento o nome de solteira, Elize Araújo Giacomini.
Função do documento
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), o atestado de antecedentes criminais é um documento fornecido no estado pelo Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD).
Esse documento tem como objetivo informar a existência ou a inexistência de registro de antecedentes criminais. Ele apresenta a situação do cidadão no exato momento da pesquisa.
Ainda conforme a SSP, ele não apresenta a ficha pessoal do cidadão. “Somente disponibiliza uma resposta negativa ou positiva quanto a possíveis pendências jurídico-criminais atuais.” O documento tem validade de 90 dias.
O g1 apurou que Elize, em 12 de dezembro de 2022, teve o pedido deferido para mudança de endereço. Isso teria ocorrido porque ela fixou residência em Sorocaba. Na decisão, houve a determinação para que autos fossem remetidos à Vara de Execuções Criminais da cidade.
O sistema do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no entanto, ainda mostra a execução como sendo na cidade de Franca. O TJ não comentou a questão.
Por Wilson Gonçalves Jr, TV TEM
Fonte: g1.globo.com
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