Perícia encontra em telefone de Elize Matsunaga documento original usado para 'limpar' antecedentes dela

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Via @portalg1 | A perícia da Polícia Científica de Sorocaba (SP) concluiu na segunda-feira (27) que o atestado de antecedentes criminais falsificado em nome de Elize Araújo Giacomini, nome usado por Elize Matsunaga, foi feito com base em atestado original de um funcionário da empresa em que ela trabalhava em Sorocaba (SP).

Elize foi condenada por matar e esquartejar o marido em 2012. Ela cumpre liberdade condicional desde maio do ano passado e foi detida em Sorocaba, sendo investigada também pelo crime de uso de documento falso.

Dois documentos, o original e o falsificado, foram encontrados pela perícia no telefone celular dela. O dado foi levantado após análise do aparelho e do notebook apreendidos pela Polícia Civil, em cumprimento ao mandado de busca e apreensão da Justiça. O inquérito ainda tramita e não teve o relatório concluído.

De acordo com a polícia, Elize Matsunaga já foi indiciada e o laudo mostra mais indícios de que ela poderia ter falsificado o documento.

Em depoimento, em fevereiro, Elize Matsunaga negou que tenha falsificado o atestado e afirmou também que não utilizou o documento para entrar em condomínios da cidade quando trabalhou numa empresa de pintura.

Elize Matsunaga acessando condomínio em Sorocaba, interior de São Paulo — Foto: Reprodução

No trabalho da perícia técnica, ficou atestado que o documento falsificado foi feito em cima do original, modificando nomes, data de nascimento, código QR e linha verificadora de autenticidade.

Em depoimento, o funcionário do documento original afirmou que retirou o atestado pelo celular de Elize Matsunaga e que ela também ficou com o arquivo original. Ele afirmou que desconhecia que seu documento tenha sido usado numa falsificação.

Documento adulterado usado por Elize MAtsunaga, segundo a Polícia Civil de Sorocaba (SP) — Foto: Marcel Scinocca/g1

A perícia encontrou o documento original do funcionário no celular de Elize. Também foi localizado no notebook apreendido um registro de que o documento foi enviado para um e-mail com o nome de Elize.

O laudo aponta ainda que o documento foi encaminhado para um conversor de arquivo, do formato PDF para Word.

A perícia apontou ainda que foram realizadas buscas por documentos com modificações como o nome de Elize Araújo Giacomini. E, no celular, foi localizado o documento relacionado ao nome do funcionário como o nome de Elize Araújo Giacomini.

A TV TEM tentou contato com a defesa de Elize, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Três adulterações encontradas

O atestado de antecedentes criminais usado por Elize Matsunaga, para que ela pudesse trabalhar em Sorocaba (SP), apresenta três adulterações. A informação foi detalhada pela Polícia Civil no fim de fevereiro deste ano.

“Ela pegou o atestado de um colega dela, da empresa, sobrepôs o nome dele aqui em cima”, explicou o delegado Acácio Leite, ao tratar do caso. “Deu uma borradinha aqui, no QR Code. E suprimiu dois números do alfanumérico”, conta.

Delegado Acácio Leite explica que assinatura eletrônica do documento também apresentou alterações — Foto: Marel Scinocca/g1

“Nesses documentos que nós apreendemos, enviados para a perícia, foi feita a comprovação com material óptico adequado. A perícia nos ofertou um laudo dizendo que o atestado apresentado por ela realmente é falso. Até certo ponto, é uma cópia mal feita do verdadeiro. Para nós, a partir desse momento, está caracterizado o uso de documento falso”, lembrou.

O delegado também explicou que Elize Matsunaga usou no documento o nome de solteira, Elize Araújo Giacomini.

Função do documento

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), o atestado de antecedentes criminais é um documento fornecido no estado pelo Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD).

Esse documento tem como objetivo informar a existência ou a inexistência de registro de antecedentes criminais. Ele apresenta a situação do cidadão no exato momento da pesquisa.

Ainda conforme a SSP, ele não apresenta a ficha pessoal do cidadão. “Somente disponibiliza uma resposta negativa ou positiva quanto a possíveis pendências jurídico-criminais atuais.” O documento tem validade de 90 dias.

O g1 apurou que Elize, em 12 de dezembro de 2022, teve o pedido deferido para mudança de endereço. Isso teria ocorrido porque ela fixou residência em Sorocaba. Na decisão, houve a determinação para que autos fossem remetidos à Vara de Execuções Criminais da cidade.

O sistema do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no entanto, ainda mostra a execução como sendo na cidade de Franca. O TJ não comentou a questão.

Por Wilson Gonçalves Jr, TV TEM
Fonte: g1.globo.com

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