“Estão loucas atrás de homens”: Desembargador afastado por falas contra mulheres terá salário de R$ 30,4 mil mantido

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Via @otempo | O desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) Luis Cesar de Paula Espíndola, afastado do cargo por falas machistas e misóginas, seguirá recebendo o salário de R$ 30.471,10. Nesta quarta-feira (17), o magistrado teve o afastamento determinado pelo corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luis Felipe Salomão. Espíndola é o responsável por dizer, durante uma sessão de julgamento sobre assédio sexual relatado por uma menina de 12 anos, que hoje em dia “as mulheres estão loucas atrás dos homens”.

Ele, inclusive, foi o único dos cinco membros do colegiado a votar contra a manutenção de uma medida protetiva que proíbe o contato de um professor, suspeito de assédio, com a aluna. Na reclamação, Salomão apura "discurso potencialmente preconceituoso e misógino em relação à vítima de assédio envolvendo menor de 12 anos".

O afastamento provisório do desembargador atende a um pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná e vale até que a ação disciplinar seja julgada pelo plenário do CNJ - que está em recesso e volta à atividade em 1º de agosto. 

"Assim, defiro, parcialmente, a cautelar requerida, para determinar o afastamento imediato do magistrado reclamado, até decisão final a ser proferida no procedimento disciplinar correlato ou até deliberação do Plenário acerca desta medida", escreveu Salomão.

Desembargador foi condenado pela Lei Maria da Penha

Em 2018, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou Luis Cesar de Paula Espíndola, pela Lei Maria da Penha, por agredir a própria mãe e a irmã. A pena de 7 meses de prisão, acabou não sendo aplicada porque o caso prescreveu.

Assédio sexual contra criança de 12 anos

Presidida por Luis Cesar de Paula Espíndola, a 12ª Câmara Civil do TJPR é a responsável por julgar casos de direito de família, união estável e homoafetiva. Na ocasião, decidia sobre uma medida protetiva que impedia a aproximação do professor, um homem adulto, de uma aluna de 12 anos. 

O julgamento levou em conta mensagens com elogios enviadas no meio da aula para o celular da menina. O professor foi investigado e absolvido na área criminal por suspeita de ter importunado a criança.

Antes da fala de Espíndola sobre as mulheres, a desembargadora Ivanise Trates Martins, que não fazia parte do quórum, se manifestou. "Nós, mulheres, sofremos muito assédio desde criança, na adolescência, na fase adulta, e há um comportamento masculino lamentavelmente na sociedade que reforça esse machismo estrutural, ou que hoje a gente chama de machismo estrutural, que é poder olhar, piscar, mexer, dizer que é bonitinha [...]", contestou.

Ao votar, Espíndola disse que não concordaria com a atitude do homem, mas que não haveria, em seu entendimento, provas contra ele. Ao final do julgamento, proferido o resultado, o juiz decidiu se pronunciar.

"Eu não poderia deixar de responder o que Vossa Excelência falou, que não tem nada a ver com o processo. Um discurso feminista, desatualizado, porque se Vossa Excelência sair na rua hoje em dia, quem tá assediando, quem está correndo atrás de homens são as mulheres, porque não tem homem. Esse é um mercado que está bem diferente. Hoje em dia, o que existe, essa é a realidade, as mulheres estão loucas atrás dos homens, porque são muito poucos sabe? ", disse Espíndola.

E continuou. "Nossa, a mulherada tá louca atrás do homem, sabe? Louca para levar um elogio, uma piscada, uma cantada educada, porque elas é que estão cantando, elas que estão assediando, porque não tem homem. Essa é a nossa realidade hoje em dia, não só aqui no Brasil. Isso é muito óbvio. Hoje em dia os cachorrinhos estão sendo os companheiros das mulheres, vai no parque só tem mulher com cachorrinho, louca para encontrar um companheiro para conversar e eventualmente para namorar. Mas a paquera é uma conduta que sempre existiu", prosseguiu.

Sem pedido de desculpas

Sem se desculpar pelas falas, Espíndola apenas negou, por meio de uma nota, que tenha tido intenção de "menosprezar o comportamento feminino". "Sempre defendi a igualdade entre homens e mulheres, tanto em minha vida pessoal quanto em minhas decisões. Lamento profundamente o ocorrido e me solidarizo com todas e todos que se sentiram ofendidos com a divulgação parcial do vídeo da sessão", afirmou ele.

Hédio Ferreira Júnior
Fonte: @otempo

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