Passados três dias da morte de Sílvio Vieira, a principal linha investigativa adotada pela Polícia Civil é que o conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Secção Ceará foi morto em decorrência do exercício da função.
Conforme documentos obtidos pela reportagem, o Ministério Público do Ceará (MPCE) diz, baseado na investigação, que "o motivo do homicídio estaria relacionado ao fato do advogado não ter conseguido a soltura de um integrante de facção criminosa... O advogado, ora vítima, teria sido atraído ao local, sob o pretexto de receber um pagamento por serviços prestados".
Para o MP, com isso não há dúvidas sobre a plausibilidade da linha de investigação relacionada ao exercício profissional da vítima. O órgão pede mais diligências, como ouvir familiares e amigos da vítima.
O dia do crime
A esposa do advogado disse aos policiais que desde sábado (dois dias antes do homicídio) Sílvio vinha recebendo ligações de uma pessoa que insistia para a vítima ir ao Genibaú receber R$ 4 mil, 'em espécie'.
O advogado teria pedido para receber via Pix, mas teria recebido como resposta que 'não tinha como fazer transferência bancária'. A esposa conta que pediu várias vezes para o marido "não ir ao local, por achar arriscado demais".
Testemunhas dizem que quando o advogado chegou ao endereço combinado, foi abordado por dois homens tornozelados, ou seja, monitorados por tornozeleira eletrônica. Sílvio baixou o vidro do carro e os suspeitos perguntaram: "Você é o dr. Sílvio?". Quando o advogado respondeu: 'sou' "de imediato foi alvejado".
Mesmo baleado, ainda conseguiu conduzir o carro, até bater contra um muro. Os homens armados teriam novamente se aproximado do veículo "e concluíram o serviço".
Um notebook e dois celulares da vítima também foram levados pelos criminosos.
Quem são os presos
Pedro Guilherme Bandeira Lourenço, o 'Lourim' , e Francisco Robert Teixeira de Mesquita, o 'Itapagé', foram presos em flagrante apontados como executores do crime.
Uma informação obtida pela reportagem, que foi citada por testemunhas, indica que o mandante do homicídio é uma pessoa identificada apenas como 'César', o 'Coroa'.
Francisco Robert já estava na condição de foragido da Justiça, tendo ficado monitorado por tornozeleira e retirado por conta própria, e ainda com mandado de prisão em aberto por outro homicídio.
Quatro armas, munições, drogas e dinheiro foram apreendidos junto a dupla
Carreira
Enquanto advogado criminalista, Sílvio Vieira atuou em casos emblemáticos no Ceará e era conhecido por estar na defesa de policiais militares, como no caso do júri da Chacina da Grande Messejana.
Outros casos de repercussão envolviam grupos de extermínio, como a 'Cia do Extermínio', e o do ex-pm Jean Charles da Silva Libório, que atuava a mando do iraniano Farhad Marvizi, em um grupo de extermínio.
A presidente da OAB-CE fala em "bárbaro crime" e diz que "toda a advocacia e a OAB estão de luto”, segundo Christiane Leitão.
O diretor de Prerrogativas da OAB-CE, Márcio Vitor Meyer de Albuquerque, disse que "a Ordem não vai admitir nenhuma espécie de ferimento às prerrogativas".
Por Emanoela Campelo de Melo
Fonte: @diariodonordeste
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