“Mentir deve voltar a ser errado”, afirma Barroso em regulação das redes

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Via @portalmigalhas | Na abertura da sessão plenária desta quarta-feira, 4, durante o julgamento dos REs 1.037.396 e 1.057.258, Temas 987 e 533 da repercussão geral, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, esclareceu que a Corte não está legislando nem regulando as plataformas digitais, mas apenas julgando casos concretos de pedidos de indenização por danos causados por conteúdos publicados na internet. 

O ministro reforçou que o papel da Corte é aplicar o direito aos litígios apresentados, especialmente diante da omissão legislativa, e que os critérios fixados valerão até eventual deliberação do Congresso Nacional. Barroso também rebateu acusações de censura e criticou a desinformação, defendendo que valores como verdade, civilidade e integridade devem prevalecer sobre polarizações ideológicas.

Função do Judiciário

Barroso explicou que o Supremo, ao julgar os recursos, cumpre sua função constitucional de aplicar o direito aos casos concretos, e que, na ausência de norma específica, cabe ao Judiciário estabelecer critérios jurídicos provisórios, válidos até eventual deliberação do Congresso Nacional.

O ministro também  dirigiu-se ao plenário e à sociedade para desfazer o que chamou de "muita desinformação e muita incompreensão" em torno do papel do STF nesses julgamentos, ressaltando que o julgamento diz respeito à responsabilidade civil, e não à censura ou controle de opinião.

Nesse sentido, esclareceu o regime de separação de poderes entre o Legislativo, Executivo e Judiciário e que o STF "não está legislando e, muito menos, regulando em caráter geral, abstrato e definitivo as plataformas digitais. Nós estamos julgando pretensões que chegaram ao tribunal por via de recursos. No Brasil, para quem não tenha essa informação, um tribunal não tem a possibilidade de dizer esse tema é muito complexo, esse tema é muito difícil, muito divisivo, vai trazer chateação, vamos contrariar muita gente."

Polarização e desinformação 

Barroso defendeu a necessidade de restaurar consensos básicos no debate público, especialmente em tempos de polarização e desinformação.

O ministro destacou que a divergência ideológica é legítima, mas não pode eliminar o senso comum nem legitimar práticas baseadas em ódio ou mentira.

"Polarização existe em todo o mundo e sempre existirá onde houver liberdade de pensamento. Quem acompanha a história sabe. (...) sempre haverá polarização de ideias em democracias e é bom que seja assim. Porém, a polarização deve ser entre ideias contrapostas.Não pode ser entre os que têm boa fé e os que agem de má fé."

Por fim, defendeu valores universais que transcendem ideologias:

"Aliás, no mundo atual, nós precisamos fazer com que mentir volte a ser errado de novo. (...) não importa se você é liberal, conservador ou progressista, não pode ter pornografia infantil na rede, não pode ter terrorismo, não pode ter venda de drogas. (...) se a causa de precisar defender, necessitar de mentira, ódio ou de desinformação, não pode ser uma causa boa. A integridade, a civilidade e a busca pela verdade possível no mundo plural vem antes da ideologia."

Fonte: https://www.migalhas.com.br/quentes/431916/mentir-deve-voltar-a-ser-errado-afirma-barroso-em-regulacao-das-redes

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