Tarifaço de Trump pode levar Moraes a endurecer julgamento, avaliam advogados de réus

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Via @portalg1 | A ofensiva do governo Donald Trump de sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e impor um tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras não deve levar a um recuo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Essa é a avaliação de cinco advogados de cinco diferentes réus do caso que pode levar à prisão de Bolsonaro por envolvimento numa intentona golpista para se manter no poder e impedir a posse do presidente Lula.

“Embora seja uma situação preocupante e injusta, com uma atuação arbitrária do presidente Trump, acredito que em nada mudará a situação do Bolsonaro”, diz o advogado de um dos réus, que pediu para não ser identificado.

“Penso até que pode ter um efeito ricochete e agravar a situação dele, porque sabemos que isso é fruto da atuação do Eduardo Bolsonaro lá nos EUA.”

Antes do anúncio das novas tarifas, Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal e prorrogou por dois meses o inquérito que investiga a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, para onde ele se mudou ao se licenciar do cargo de deputado e articular medidas da Casa Branca contra o Brasil.

Um outro advogado, com bom trânsito no meio jurídico, vai na mesma linha e também avalia que o efeito será justamente o contrário do pretendido pelos bolsonaristas: “Vai é piorar a situação de Bolsonaro”.

“Não muda nada”, diz um terceiro defensor ouvido pelo blog. “Acho que vem paulada em todos nós”, diz um quarto advogado que atua no caso.

O anúncio de Trump de que vai impor tarifas de 50% sobre o Brasil, a partir de agosto, vem à tona às vésperas de o procurador-geral da República, Paulo Gonet, finalizar o parecer em que deve pedir a condenação de Bolsonaro por envolvimento num golpe de Estado para se manter no poder.

Colegas de Gonet ouvidos reservadamente pela equipe do blog avaliam que, apesar da turbulência nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, com repercussão inclusive na economia nacional, não há espaço para o procurador-geral da República voltar atrás e desistir de defender a condenação de Bolsonaro.

Conforme informou o blog, Moraes acelerou o andamento do caso, que deve ser julgado até setembro pelos cinco ministros da Primeira Turma do STF: Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Flávio Dino e o próprio Moraes.

A prisão do general Walter Braga Netto, um dos réus do chamado “núcleo crucial da trama golpista”, foi usada como justificativa pelo ministro para agilizar a tramitação da ação penal.

Enquanto Moraes permaneceu em silêncio após a ofensiva trumpista, Dino deixou recado no seu perfil no Instagram.

“Uma honra integrar o Supremo Tribunal Federal, que exerce com seriedade a função de proteger a soberania nacional, a democracia, os direitos e as liberdades, tudo nos termos da Constituição do Brasil e das nossas leis”, escreveu o ministro, indicado ao cargo pelo presidente Lula.

Por Rafael Moraes Moura
Foto: Brenno Carvalho/O Globo
Fonte: @portalg1

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