O homem havia requisitado ao tribunal a interrupção da assistência econômica de sua filha de 21 anos com o argumento de que o certificado de incapacidade da jovem (Certificado Único de Deficiência) havia vencido. A juíza avisou que a atitude revelava uma “falta de empatia e de coração” com seus filhos, um deles com incapacidade e outro com problemas de saúde.
Em entrevista à jornalista María Mercedes Vázquez, do programa de rádio “Corrientes no ar”, a juíza avaliou como “desafortunadas” as expressões do pai.— Se este senhor diz isso a um juiz, o que dirá à pobre mulher e aos seus filhos. Não é assim que a coisa funciona, essa conduta é reprovável — argumentou Macarrein. — Tudo o que aconteceu foi que ele poderia ler “O pequeno príncipe” e entender o que significa ser empático.
Valores humanos
A magistrada observou na resolução que “ser pai não se limita a cumprir uma obrigação econômica; também implica acompanhar, compreender e apoiar emocionalmente os filhos, especialmente quando se encontram em situação de vulnerabilidade”.
Além de pagar a pensão alimentar, a sentença determina a leitura de “O pequeno príncipe” porque, embora não haja personagens de pais e filhos, a obra transmite valores como o amor, o respeito, a amizade e o cuidado dos demais. Na próxima semana, o “condenado a ler” deverá se apresentar à juíza para comentar o que há a aprender com o livro.
— Neste caso, entendi que as obrigações parentais não se cumprem apenas com dinheiro, mas também com amor, compreensão e presença — disse a juíza. — Por isso determinei que o pai leia o livro: para que se lembre de que “o essencial é invisível aos olhos” e que o essencial para seus filhos é seu cuidado e afeto.
Se as lições da obra de Saint-Exupéry não tiverem efeito desejado, cabe registrar que o artigo 106 do Código Penal argentino estabelece uma pena de prisão de dois a seis anos por abandono de pessoas.
Por Daniel Gigena, Em La Nacion
Fonte: @jornaloglobo
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