Pegou buraco? Roda nem sempre tem conserto e dá para cobrar indenização

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bit.ly/2TKLcIH | O prejuízo varia conforme o nível do estrago: dependendo da velocidade e da profundidade do buraco, um ou mais pneus podem apresentar bolhas e até rompimento na parte lateral.

As fortes chuvas registradas na capital paulista em fevereiro, que atingiram o maior volume em quase 80 anos, provocaram uma profusão de buracos nas vias da cidade. Verdadeiras crateras no asfalto elevam o risco de danos aos pneus e às rodas do veículo, sem falar na maior possibilidade de acidentes.

O prejuízo varia conforme o nível do estrago: dependendo da velocidade e da profundidade do buraco, um ou mais pneus podem apresentar bolhas e até rompimento na parte lateral, o que, nesse caso, requer que seja substituído. As rodas também sofrem com o problema, podendo elevar ainda mais os gastos.

Vale destacar que é possível solicitar o ressarcimento dos custos do conserto à Prefeitura (saiba mais abaixo).

Especificamente em relação às rodas, Alessandro Rubio, engenheiro membro da Comissão Técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil, recomenda efetuar reparo apenas se o dano for superficial.

"Do ponto de vista de segurança veicular, nenhum reparo de trinca ou de amassados maiores deve ser realizado. As rodas são submetidas a forças muito severas e existem trincas invisíveis, identificáveis apenas com o uso de corantes específicos. As chances de uma rachadura aumentar e a roda quebrar, especialmente em altas velocidades, são grandes", alerta o especialista.

Em 2015, Cristiano Araújo e a namorada, Allana Morais, morreram após o Land Rover do cantor sertanejo capotar em Goiás. A perícia constatou que as rodas haviam sido reparadas com solda e uma delas se rompeu no acidente. Ronaldo Miranda, que dirigia o veículo e trabalhava para o artista, foi condenado por homicídio culposo por excesso de velocidade e por saber que as rodas tinham sido reparadas.

'Reparo tem de seguir parâmetros rígidos'

Empresas especializadas efetuam reparo de trincas em rodas de alumínio utilizando solda; prática não é unânime Imagem: Fabio Braga/Folhapress

Já Marcelo Ciasca, diretor da AWRS, rede de franquias especializada no reparo de rodas de alumínio, afirma que o reparo de trincas e amassados pode ser feito, porém apenas se determinados parâmetros técnicos forem atendidos, para não colocar a segurança em risco.

Segundo ele, o conserto custa aproximadamente entre 15% e 30% do valor de uma peça nova. "Antes de mais nada, é preciso realizar uma inspeção na roda para saber se o dano é passível de reparo", explica o especialista.

"Seguimos a norma canadense, que determina onde é possível soldar a roda e as formas seguras de retirar eventuais amassados. Hoje não existe uma normatização para esse tipo de serviço no Brasil", complementa.

Em relação a trincas, Ciasca orienta que elas sejam reparadas somente se estiverem na borda interna ou externa, a uma distância máxima de aproximadamente 2,5 cm do tambor (parte central da roda, sobre a qual é instalado o pneu). O conserto também está liberado se a trinca for perpendicular à borda da roda, sob certas condições.

Fresa ou desbaste da roda é prática condenável, pois reduz sua resistência, alerta especialista Imagem: Fabio Braga/Folhapress

"Caso apareçam trincas no tambor, nos raios ou na região do cubo da roda, onde os parafusos são afixados, a peça não deve ser reparada de jeito algum, pois a estrutura já está enfraquecida. A roda pode quebrar", alerta. Caso a trinca se ramifique ou estiver a menos de 10 cm de outra rachadura, a roda também está condenada e tem de ser substituída, destaca.

Marcelo Ciasca também salienta que usinar a roda, ou seja, remover material para aplainar sua superfície, utilizando um torno, é outra prática que deve ser evitada durante o reparo. "É comum o profissional fazer usinagem para remover o excesso de solta aplicada na área trincada. Isso enfraquece a estrutura, com risco de novas rachaduras, de vazamento de ar e até de rompimento da roda".

Quanto a amassados, explica o diretor, eles também só podem ser realizados se não excederem determinados parâmetros de segurança. Para deixar o item reto novamente, a área afetada é aquecida e depois submetida a afastadores hidráulicos, também conhecidos como "ciborgues" - mesmo equipamento utilizado para desentortar chassis e partes da carroceria.

Os requisitos descritos acima são válidos tanto para rodas de aço quanto de alumínio - com a diferença de que as primeiras não chegam a trincar.

Ciasca informa que o reparo completo de uma roda, incluindo a parte estética, custa algo entre R$ 230 e R$ 430.

Como pedir reembolso à Prefeitura

Funcionários realizam trabalho para tapar buracos em via da capital paulista; cidadão pode informar local das crateras Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress

Consultada por UOL Carros, a Prefeitura de São Paulo informa que os cidadãos que tiverem o veículo danificado por causa de um buraco na via poderão solicitar reembolso à administração municipal.

De acordo com a Prefeitura, a solicitação de ressarcimento deve ser protocolada na subprefeitura da região dos fatos ou diretamente na Procuradoria-Geral do Município.

Além disso a solicitação deve trazer "todos os elementos que permitam a identificação do interessado, da propriedade do veículo e do fato ocorrido, dentre outros dados relevantes para definir se há responsabilidade do poder público". "O solicitante deve informar o montante de indenização pretendido, comprovando-se os danos sofridos e o valor necessário para a reparação".

Ainda de acordo com a Prefeitura de São Paulo, qualquer pessoa pode informar a existência de buracos nas vias do município, por meio do telefone 156.

"Um inspetor vistoria e confirma se o serviço existe e se é de responsabilidade da Prefeitura de São Paulo. Caso seja responsabilidade de alguma concessionária, o pedido é encaminhado. Além do 156, as subprefeituras também identificam ativamente vias que necessitam de reparos e realizam os serviços. Em todo o ano de 2019, 187.506 buracos foram tapados na cidade. Neste ano, até fevereiro, foram 22.276, serviços realizados".

Alessandro Reis
Fonte: www.uol.com.br

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