Eles são investigados pela PF por fazerem parte de um suposto esquema de fraude em processos do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da OAB-SP.
Nos diálogos, Bentivegna diz a Caresia que atuaria gratuitamente em um processo do TED para fazer com que o ex-conselheiro federal da OAB-SP Fernando Calza Freire o coloque na "lista de seis", em referência à lista sêxtupla.
Depois, ele afirma à conselheira afastada da OAB-SP que, se escolhido para uma vaga do TJ-SP, o "nosso" gabinete o teria "fantasiado de Batman" e ela de "chefe de gabinete com aquele salarinho ruim de 15k que os acessô ganha".
Caresia então responde a Bentivegna que eles estarão "juntos na questão do quinto e em tantas outras... pois já é meu parceiro de vida".
Corrupção no TED
O suposto esquema de fraude investigado pela PF nesse caso envolveria os três advogados citados acima mais outros profissionais da advocacia. Segundo a PF, eles usariam da influência de Caresia e Freire para barrar ou arquivar ações no TED da OAB-SP.Até o momento não há nenhuma confirmação de que os valores supostamente pagos a Caresia e Freire tenham sido recompensados com decisões no TED. Vale lembrar que essas ações são sigilosas.
Mas a juíza federal Maria Carolina Akel Ayoub diz em decisão que "não há dúvidas que os crimes narrados, em tese, constituem tráfico de influência e/ou corrupção passiva".
Nesse caso, diz a PF, Bentivegna repassou a Caresia e Freire R$ 10 mil pelos serviços que prestou gratuitamente dentro do suposto esquema de corrupção.
Segundo a PF, Caresia e Freire definiam um advogado para atuar no caso que seria cuidado dentro do suposto esquema de corrupção praticado no TED da OAB-SP. Diz ainda a Polícia Federal que o pagamento era então feito para esses advogados, que repassavam parte ou a totalidade a Caresia e Freire.
O caso veio à tona depois que o advogado Anderson Hernandes apresentou denúncia contra Caresia na PF por suposto pedido de R$ 250 mil em propina para influenciar em processos a que o profissional responde no TED da OAB-SP.
A PF já havia feito uma operação em 2020 para buscar mais informações sobre o caso. Naquele momento, os alvos foram Caresia e Freire, que renunciou ao cargo de conselheiro federal da atual gestão da OAB-SP e presidiu o TED de 2016 a 2018.
Advogada do presidente
Karina Kufa, advogada do presidente Jair Bolonaro, também é citada na decisão por causa de um processo a que respondia no TED e que foi arquivado.Há ainda um terceiro caso, que envolve o advogado Carlos Ikeda. Segundo a PF, por responder a um processo no TED da OAB-SP, ele teria procurado um intermediário do grupo, Peterson Ruan, que teria acionado Caresia para contar com a influência de Freire.
A reportagem tentou contatar todos os citados neste texto, mas obteve apenas duas respostas até a divulgação desta reportagem. O espaço está aberto para atualização com as menifastações de todos os mencionados.
Kufa disse à reportagem que "nenhum conselheiro da OAB me pediu benefícios materiais ou favores". "Não haveria motivos e nem abertura da minha parte para qualquer ação indevida. Também não pedi favor algum a quem quer seja", complementou a advogada.
Já Ikeda negou qualquer envolvimento com o caso.
Por Brenno Grillo
Fonte: Conjur
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