As investigações foram iniciadas pela Polícia Civil em 2016, quando duas pacientes denunciaram o médico por abusos sexuais. A defesa dele sustenta que ele é inocente e recorreu da decisão da Primeira Instancia.
Ao determinar a soltura do médico, o TJMG acatou o pedido de habeas corpus apresentado pelo advogado do dermatologista, Nestor Rodrigues, que alegou que o seu cliente tem o direito a responder ao processo em liberdade, pelo fato de a condenação ter sido uma decisão da justiça na primeira instância.
De acordo com o advogado, a decisão favorável ao habeas corpus foi tomada por unanimidade pelos três desembargadores da terceira câmara criminal do tribunal, na terça-feira (24/8).
Em entrevista coletiva concedida na manhã do dia 11 de agosto, dia seguinte à prisão, a delegada Karine Maia, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Montes Claros, afirmou que a prisão preventiva foi decretada pelo juiz em atendimento a pedido do Ministério Público Estadual (MPMG) por “questões processuais”, alegando não saber quais.
“A prisão preventiva decretada no bojo da sentença de primeira instância contraria a lei e todas as determinações dos tribunais superiores. Portanto, sendo ilegal e sem motivo atual e concreto que desse margem da a extremada medida cautelar preventiva”, afirmou Nestor Rodrigues.
“O médico tem todas as condições favoráveis, colaborou com todo o processo e continuou atuando normalmente por seis anos após a denúncia sem que houvesse qualquer notícia de fatos imputados a ele na denúncia. O CRM-MG absolveu o médico de todas as alegações imputadas a ele no conselho”, disse.
"A defesa, obviamente, irá recorrer da sentença e tomar todas as medidas legais para impugnar integralmente a decisão da primeira instância", completou o advogado.
Investigações
Em março de 2016, o médico Linton Figueiredo começou a ser investigado depois de ter sido denunciado por duas pacientes, que são primas, de 21 e 23 anos. As duas supostas vítimas alegaram que foram abusadas pelo dermatologista depois de terem sido sedadas no consultório dele, onde compareceram para fazer tratamento estético. Outras mulheres também foram ouvidas e, segundo a delegada Karine Maia, reforçaram as denúncias de abusos.Na ocasião, o especialista denunciado chegou a ser preso temporariamente, entre 6 de abril e 30 de junho de 2016. Foi solto e passou a responder o processo em liberdade. Também voltou a atender em sua bem montada clínica, já que o seu registro no Conselho Regional de Medicina (CRM-MG) foi mantido.
As investigações continuaram, com o processo judicial em segredo de Justiça. Na noite de 10 de agosto, após a sentença condenatória, o médico foi preso pela Polícia Civil em seu consultório, no Centro de Montes Claros, e levado para o Presídio Regional da cidade no mesmo dia.
Indiciamento
A delegada Karine Maia afirmou que a Justiça da Primeira Instância confirmou na íntegra o indiciamento feito pela Policia Civil, a partir do inquérito. Ela afirmou que, com base nas investigações, o médico foi indiciado pela acusação de estupro de vulnerável de seis pacientes (pelo fato de as supostas vítimas terem sido sedadas) e pelo estrupo de três vítimas mediante fraude – “neste caso, por recorrer a uma situação médica, com objetivo de cometer atos libidinosos”, sem o uso de sedativos.Karine Maia afirmou que, além das vítimas prestarem depoimentos na delegacia, foram juntadas no inquérito provas contra o médico como fotos de partes íntimas das mulheres encontradas no computador do consultório dele e exames de corpo de delito nas vítimas feitos no Instituo Médico Legal (IML).
Segundo ela, as investigações concluíram que o médico teve “conjunção carnal”, incluindo sexo anal, com as seis pacientes enquanto elas estavam sedadas, e três vítimas eram virgens antes dos abusos. A delegada disse que o dermatologista usou pretextos para abusar sexualmente das mulheres em seu consultório, onde atuava sozinho.
Vítima de perseguição
Por sua vez, o advogado Nestor Rodrigues alegou que o seu cliente é inocente, que, segundo ele, foi vítima de perseguição por parte das autoridades envolvidas na investigação. “A defesa, obviamente, irá recorrer da sentença e tomar todas as medidas legais para impugnar integralmente a sentença”, disse.O defensor sustenta que o médico não abusou de suas clientes. “Ele adotou procedimentos comuns, que são os mesmos usados por todos os profissionais nos tratamentos relacionados à estética, como cirurgia plástica e procedimentos dermatológicos. Tanto é assim, que o CRM-MG reconheceu isso e absorveu o meu cliente por unanimidade”, alega.
Nestor Rodrigues também argumenta que as fotos de partes íntimas das pacientes encontradas no computador do médico “são comuns em procedimentos médicos e são para avaliar o tratamento, seja de progressão ou regressão”.
Ele rebateu a informação de que laudos de perícias do IML tenham sido usados como provas contra o médico. “A palavra da suposta vítima tão somente não embasa uma condenação. Condenação é (precisa de) prova concreta”, assegurou o advogado.
Luiz Ribeiro
Fonte: Estado de Minas
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