Segundo informações obtidas pelo programa, a Defensoria Pública alegou que a gravação do vídeo é ilegal pois foi feita sem conhecimento dos envolvidos, nem autorização da polícia ou do Ministério Público. O argumento, no entanto, não foi aceito pela Justiça, que lembrou o fato de que crimes como este são sempre cometidos às escondidas e que a vítima, sedada de forma exagerada pelo agressor, não teria condições de denunciar o fato ou depor a respeito. Além disso, prevaleceu o entendimento de que a gravação foi feita por profissionais de saúde que tinham o dever de agir em defesa da vítima.
Para cometer o crime, o anestesista aplicou, segundo consta no inquérito, sete doses de sedativos potentes, como cetamina e propofol, que não são indicados para a realização de cesarianas. O Fantástico teve acesso ainda ao laudo da perícia que aponta o uso de uma quantidade de anestésicos acima do que é normalmente utilizado no procedimento. Isso explica o fato de a mãe mostrar-se quase sem reação quando o pediatra leva a criança até ela após a cesariana.
O Fantástico teve acesso também ao vídeo completo que revela o estupro cometido pelo médico. Com mais de uma hora e meia de duração, ele mostra desde a chegada da grávida à sala de parto, passa por toda a preparação para a anestesia e chega ao momento do abuso, cometido após o parto, durante o procedimento de laqueadura combinado previamente com a equipe médica.
Em determinado momento do vídeo, soa um alarme que, de acordo com os peritos, foram ativados no monitor multiparâmetro e poderiam corresponder a uma queda na saturação de oxigênio da paciente. Isso porque além da forte sedação e da ausência de máscara de oxigênio, o anestesista ainda obstruiu as vias aéreas da mulher durante o abuso. O barulho atrai a atenção dos médicos que faziam a laqueadura e Giovanni então desativa o alarme. Protegido por uma cortina que o separava do restante da equipe, ele continua com os abusos. A ação toda leva dez minutos.
A Defensoria Pública não comentou o caso. De acordo com informações obtidas pelo Fantástico, a defesa chegou a pedir para que Giovanni Bezerra aguardasse o julgamento em liberdade. Pediu também a realização de um teste de sanidade do cliente, sob o argumento de que o médico tem transtornos psicológicos na família e fazia uso de medicamentos que aumentam o desejo sexual. Ambos os pedidos foram negados pela Justiça. Giovanni responderá por estupro de vulnerável.
— Em vez de eu sair pela porta da frente, com meu filho no colo, eu saí pelos fundos do hospital. Escondida. Com vergonha. O que eu quero é que ele não possa mais tocar em mulher nenhuma dessa forma — disse a vítima em entrevista exibida no Fantástico.
Fonte: extra.globo.com
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