Operação contra jogo do bicho foi vazada para delegado preso, diz MP

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Via @uolnoticias | O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) encontrou fortes indícios de que a Operação Calígula —deflagrada hoje para atacar um esquema de corrupção montado pelo jogo do bicho— foi vazada para o delegado Marcos Cipriano, um dos presos na ação.

De acordo com o promotor Bruno Gangoni, coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), ao iniciarem as buscas na casa de Cipriano os investigadores encontraram uma cópia da decisão da 1ª Vara Criminal Especializada do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) que autorizou a operação de hoje.

"Isso indica, claro, o vazamento da operação e vai ser apurado no momento oportuno, imediatamente, nas instâncias cabíveis", disse Gangoni. 

Nomeado pelo governador Cláudio Castro (PL) como conselheiro da Agenersa (Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico), Cipriano é apontado pelos promotores como um integrante permanente da organização criminosa. 

Segundo o MP, ele atuou para "atender os interesses espúrios" da quadrilha junto à Polícia Civil. Rogério de Andrade e Ronnie Lessa inauguraram um bingo na Barra da Tijuca em julho de 2018. Contudo, no mesmo dia da inauguração o local foi fechado pela PM e as máquinas caça-níqueis foram apreendidas.

Cipriano participou das negociações junto a policiais civis e militares para que o local fosse liberado. Ele também articulou junto de Lessa o suborno à delegada Adriana Belém e o inspetor Jorge Luiz Camillo Alves para que cerca de 80 caça-níqueis fossem liberados na 16ª DP (Barra da Tijuca). De acordo com os promotores, o acordo foi feito e caminhões enviados por Lessa buscaram as máquinas na delegacia em agosto de 2018. 

Os promotores ressaltam que a relação do delegado com o crime organizado é investigada desde 2006. Na ocasião, ele apareceu em escutas da Operação Gladiador, que desbaratou um esquema criminoso comandado pelo ex-deputado estadual e ex-chefe da Polícia Civil Alvaro Lins.

Nas escutas, ele conversa com um policial aliado de Lins sobre um ato de campanha na comunidade Capitão Menezes, na Praça Seca, zona oeste do Rio. A área era controlada pela milícia e Cipriano diz estar em contato com os milicianos para viabilizar o corpo a corpo na favela.

Além de Cipriano, outras 11 pessoas —entre elas a também delegada Adriana Belém— foram presas durante a Operação Calígua. A 1ª Vara Criminal Especializada expediu 29 mandados de prisão, parte deles contra alvos que já estão presos, mas nem todos foram capturados. O bicheiro Rogério de Andrade e seu filho Gustavo estão foragidos. Quatro bingos mantidos pela quadrilha foram estourados pelos investigadores.

Igor Mello
Do UOL, no Rio
Fonte: noticias.uol.com.br

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